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Hey, Dilma, eu quero estudar!

domingo, julho 29, 2012
Nada querida Presidente da República,
Como estão as olimpíadas em Londres? Como foi ter o privilégio de conversar quarenta segundos com a rainha? Bem, você deve estar se consumindo de orgulho próprio, não é? Primeira presidente mulher no Brasil já é um marco imensurável. Agora, acrescente a sua lista outro marco imensurável: Você conseguiu que todas as universidades federais entrassem em greve! Parabéns, pode se orgulhar mais ainda. Se orgulhe por que é preciso uma incompetência e um descaso enorme para conseguir paralisar a educação desta maneira. Enquanto você, detestável presidente, está assistindo de camarote aos jogos olímpicos, eu e mais milhões de estudantes estão com o seu futuro paralisado. 
Era para isso que você lutava tanto na ditadura? Foi para isso que você foi torturada? Para deixar milhares de jovens sem estudo? Enquanto te estupravam, você pensava em negar salários melhores para a base da educação e, assim, deixar milhares de estudantes sem aulas? Por que eu não consigo acreditar que toda aquela tortura tenha sido em vão. Naquela época, História foi uma das matérias retiradas e podadas do currículo escolar. Você está me colocando em plena ditadura militar, pois a faculdade que tanto espero para iniciar é de história. Nove meses de férias, Dilma. Sabe o que é isso? O sonho de todo aquele que você quer moldar, mas o desespero daqueles que não se deixam encaixar em forma nenhuma. 
O que mais precisa ser paralisado para a senhora Presidente voltar de Londres e resolver dar um aumento a quem realmente merece? Por que a greve é uma das únicas formas que temos de protestar. Afinal, se resolvemos nos juntar, já somos abordados pela sua força militar. Força militar que deveria ser nossa, do povo brasileiro, mas que parou de defender nossos interesses há muito tempo. Mas, cá entre nós, algum dia, alguém, qualquer um que fosse um pouco mais forte, reivindicou nossas vontades? Eu não quero gramado de futebol, eu não quero pista de ciclismo, não quero hotéis cinco estrelas, não quero que tentem esconder as favelas com muros. Eu quero educação, saúde, emprego, moradia, transporte. Eu quero que todas as casas tenham saneamento básico, mas o dinheiro necessário para isso está sendo implantado no Maracanã. Será que sua mãe nunca te ensinou a coisa mais básica da vida? "Obrigação primeiro, diversão depois". Se quer paralisar alguma coisa, paralisa as obras para a Copa e manda os trabalhadores reconstruírem o hospital do Servidor, que pegou fogo há pouco tempo. Vai salvar vidas, ao invés de voltar à época do "pão e circo". 
Todas as vezes que alguém me falou para trocar de curso por que ser professora não me levaria a nada, é culpa desse governo que a senhora comanda. Professor deveria ser a profissão mais concorrida de todas. Nenhuma outra profissão existiria sem os professores. Mas não, ao invés de se orgulhar por que os jovens querem estudar, a senhora prefere se orgulhar por que uma rainha conversou com você por quarenta segundos. Conversaram sobre o que? Sobre o clima? Ou sobre como você conseguiu paralisar a educação superior pública do seu próprio país? 
Eu tenho nojo de qualquer um que tente negar os direitos básicos das pessoas. E, embora você não saiba, educação é um dos direitos básicos. 
Só para fechar, eu nunca irei me referir a você como "presidenta", mesmo que só essa palavra ocupe uma página inteira do dicionário, mesmo que criem uma lei para me obrigar. Quem não quer dar educação de qualidade, não deveria ter o direito de modificar a educação que já foi dada. E, quando era pequena, me falaram: "Presidenta não existe". Você só está comprovando isso.  

A Incrível Máquina de Livros.

sábado, julho 28, 2012


Um dos hábitos que deveriam ser mais incentivados é o hábito da leitura. Livros são capazes de te fazer viajar pelo mundo inteiro de uma maneira rápida e deliciosa. É claro que você poderia pegar um avião e ir conhecer a Índia, ao invés de ler "Comer, Rezar e Amar", mas nada além dos livros te levará a Hogwarts. Você pode até conhecer um amor digno de "A Última Música", mas nunca um tão místico quanto em "Crepúsculo". Ler é ter 150% do que a vida pode te proporcionar. Além de ser um dos maiores prazeres do mundo, ainda aumenta o seu vocabulário e a sua imaginação.
E é falando em livros que o meu desejo de hoje é morar em São Paulo, o mais próximo possível da Praça da República. É por lá que, até dia 29/07, domingo, amanhã, que vai ficar a "Máquina de Livros". Seu uso é simples, basta você depositar nela algum livro seu, que esteja em bom estado, e a máquina, em um passe de mágicas, te devolve outro. 
A máquina é uma iniciativa promovida pela Câmara Brasileira do livro, que quer deixar todos já no "Clima da Bienal". Existe coisa melhor do que a Bienal do livro? Sim!! Uma prévia dela, em forma de máquina, toda colorida, que dá chances a outras pessoas lerem os textos que tanto nos cativam. 
Eis uma iniciativa que vale a pena vir para ficar. E poderia vir para o Rio de Janeiro também, não é? E para todo o resto do Brasil. O mundo carece de leitura. 

De luto sem perder a luta.

quinta-feira, julho 26, 2012


A dor não passa. Todos me falaram que a dor iria passar. Aprendi por mim mesma que essa é uma das mentiras mais dolorosas que o mundo quer que você acredite. A dor não ameniza. A dor permanece, se acomoda no seu sangue e na sua alma, toma conta de você e faz parte de você. Eu não sei o que seria de mim sem a dor. Eu não posso dizer que não sofro. Eu sofro quase todos os dias, cada vez que vejo uma foto, cada vez que tento buscar na memória as poucas lembranças que ainda tenho.
Eu perdi os três maiores homens da minha vida. Quando tinha doze anos, perdi meu pai. Com dezesseis, perdi meu padrinho. Agora, com dezoito, perdi meu avô. Há quem jure que a dor vai passar uma hora. Eu duvido. E eu não estou aqui para mentir ou tentar iludir as pessoas que, assim como eu, sofrem dia após dia. Eu quero é ajudar quem passa pela mesma coisa que eu. Ajudar a não cometer os mesmos erros que eu cometi.
Não se culpe por sorrir, nunca! A vida é dos vivos, não se esqueça disso. Não é por que você teve vontade de sorrir ou de rir que a sua perda é sem significado. Passei um ano me culpando por todas as vezes que sorria. Que culpa tem um sorriso se as lágrimas são mais frequentes? Deveria ele sair para sempre de nossas vidas? Não, não deveria. Mesmo durante as crises mais profundas de saudade, se permita rir. Se permita sorrir, mesmo que ache que é errado. Não é errado!
Não tenha medo. O medo me impediu de ter uma despedido com o meu pai. Eu tive medo de ir ao enterro, medo de ir ao hospital enquanto ele estava internado. Demorei seis anos para conseguir visitar o túmulo dele e morro de arrependimento por isso. Se seu coração mandar você ir, vá! Se despeça, chore, sofra. É sempre necessário terminar a última linha antes de virar a página.
Somos simbólicos independente de opção religiosa. Nos apegamos aos laços que o casamento traz e igualmente nos apegamos aos laços da morte. Ir ao enterro, à missa de sétimo dia, deixar flores no túmulo no dia de finados são maneiras de dizer "eu me importo". São uma forma de nos ligarmos a nossa dor, aceitá-la.
Tenha seu próprio luto. Quando alguém muito próximo de você morre, o seu luto é diferente dos outros. Enquanto os outros seguem a vida após a missa de sétimo dia, você ainda vai sofrer muito todas as datas comemorativas longe da pessoa que ama. Não tenha medo do seu luto, viva-o. Cada um tem o seu tempo de parar de vestir a alma de preto. Você não precisa se apressar e se culpar pelo sofrimento. Sofra. É o seu direito.
Desabafe. É um dos pontos mais importantes. Aos doze anos, quando meu pai morreu, eu me afastei do mundo. Eu me entreguei a depressão porque não conseguia falar sobre o assunto. Se você não tem com quem desabafar, escreva. O importante não é a resposta, mas sim colocar para fora tudo o que você pensa. Grite sozinha no quarto se necessário. Não se sinta culpado se quiser questionar a sua fé ou a sua crença na vida em si. Pegue um caderno velho e encha-o de perguntas. As respostas não vão ter a mínima importância. Deixe que seu peito esvazie. Respire fundo. Respire fundo. Respire fundo.
Guarde as memórias mais bobas, elas são importantes. Meu avô mandava recadinhos para minha avó depois de todas as brigas, antes de ir comprar pão ou só enquanto ia caminhar embaixo do prédio. Alguns ela ainda têm guardados na gaveta do quarto, outros ela jogou no lixo. A diferença é que ela lembra dos detalhes bobos dos dois. As brigas por quê um errou a receita do bolo do outro, as risadas, as brincadeiras, o dia que eles se conheceram... Ela lembra, embora metade das cartinhas tenham se perdido. A imagem mais viva que tenho do meu padrinho, por exemplo, é dele levantando durante a minha dança de quinze anos e falando que ia matar meu príncipe por que ele me deu um selinho. Nós devemos guardar os detalhes, pois amamos pelos detalhes.
Infelizmente, a morte não tem uma maneira exata de ser superada. Ela nem ao menos avisa quando vai chegar. Algumas vezes ela pode até dar menção de que está por vir, mas ela é sempre inesperada. Você sempre tem esperanças de que tudo vai se arrumar. Por destino ou milagre, seja lá qual for a sua crença. Irônico sofrermos tanto assim pela morte se nos ensinam desde pequenos que este é o ciclo da vida: A gente nasce, cresce, reproduz e morre. Lembra? Aprendi assim a vida dos animais. Nascer, crescer, reproduzir, morrer. Eu nasci há dezoito anos e ainda estou aprendendo como é que se cresce. Reproduzir é um plano bem lá pro futuro. O problema é o final dessa história, quando tudo vira só pó. O problema é que as coisas parecem se atropelar. Eu, crescendo, deveria conviver com a morte? Durante o segundo estágio da vida, conviver com o último? Só que é isso que acontece, é isso que a gente não pode controlar. A gente chora, sofre, quer morrer junto, depois quer viver e realizar tudo o que prometeu que realizaria. E se pergunta: "Você está orgulhoso de mim?" Só que não temos resposta. É duro, é cruel, mas é verdade. Não haverá resposta. E a dor que falei no início? Ela permanece como uma velha amiga.

Já estou uma semana sem o senhor, Vô. Eu to seguindo em frente, serei alta igual a você e vou tomar conta da vovó, eu prometo.
Papai, são seis anos sem o seu abraço, é difícil, mas a gente aguenta.
Dindo, você me faz uma falta enorme.
Eu amo vocês três...
"Brilha onde estiver"

Eu ainda estou construindo a minha trilha.

terça-feira, julho 24, 2012

Imagine-se perdido bem no meio de uma mata fechada que você nunca esteve antes. Você foi jogado ali, sem mochila de primeiros socorros, sem bússola e muito menos GPS. Seu celular não tem sinal, nem se você subir na copa das árvores. Nessas horas, quando o sol começa a se pôr, quando a luz é um vermelho alaranjado que parece esquentar a sua alma, você se desespera. Não tente negar, você se desespera. Sem saber onde está, para onde ir, se tudo vai passar, se você verá as pessoas que ama novamente. Tudo é tão incerto quanto poderia ser. Você nem ao menos lembra o que foi que te levou àquela mata fechada. Só que é somente isso que resta: Mata. E mata fechada. Daquelas que você não consegue enxergar os cinco metros na sua frente. Primeiro você tenta caminhar, abrindo caminho por entre as plantas, ganhando um arranhão aqui e outro ali, talvez caindo algumas vezes. Você não desiste, é jovem, não pode deixar o descontrole tomar conta de você. Você vai conseguir se achar, não tem como se perder dessa maneira. Alguém vai dar falta de você e você será resgatado. Será? Depois que o sol já tiver iluminando qualquer outra região do mundo que não fosse aquela mata, você vai começar a sentir como se todos os animais estivessem procurando você. Procurando não... Caçando. As cobras, os lagartos, os morcegos... Todos os animais que você sempre teve medo só de ver pela televisão. A fome e o frio vão tomar conta de você logo em seguida, assim como o mede desesperador de simplesmente não saber o que fazer. E é isso que vai acontecer: Você vai estar perdido na mata e perdido na sua própria mente. Seus pensamentos começarão a te confundir. O que é saudável? O que pode me envenenar? Banana é uma fruta ou uma planta carnívora? E cobra é esse bicho de quatro patas que acabou de passar por mim? Horas e dias vão passar sem que você saiba, sem que você perceba. Sabe essa mata fechada? Ela se chama tristeza. Não importa o quão feliz você esteja, de uma hora para a outra podem te jogar sem aviso prévio nessa mata e deixar você por lá durante algum tempo. Alguns dias ou meses ou anos podem passar até você trilhar sua própria trilha de volta a luz do dia.

Dois meses offline.

segunda-feira, julho 16, 2012

Nos últimos dois meses eu aceitei o que nossas mães repetem incansavelmente: Os jovens estão viciados em internet! Fiquei esse tempo sem internet e confesso que foi um pouco aterrorizante no começo. Então parei para ponderar tudo o que senti falta nesses dois meses. O primeiro ponto são as amizades. Acabei percebendo que não tenho telefone nem da metade dos meus amigos. Era fácil demais, se precisava falar com algum deles era só entrar em alguma rede social e deixar o recado. Foi um sacrifício para eu conseguir falar com a minha melhor amiga que nunca atende o telefone celular e eu não tinha o telefone de casa. Eis um ponto positivo da internet: A comunicação fica muito mais fácil. Outra coisa que me fez muita falta nesses dois meses foram os seriados que eu assisto online. Televisão pra quê, afinal? Sem falar nos blogs que acompanho, nos sites de notícia, na diversão. Ficar sem internet, quando se está acostumado a ficar mais de sete horas por dia online, é como ficar sem absolutamente nada para fazer. 
Só que ficar offline por tanto tempo também foi bom para mim. Coloquei em prática um plano que estava adiando desde o início do ano: Academia. Com muito tempo livre e sem nada para fazer que me ocupasse, pude ajudar mais minha mãe e minha irmã (que está grávida) a cuidar da casa. As brigas aqui em casa até diminuíram bastante. Esse tempo sem o contato diário com algumas pessoas também fez com que eu percebesse quem são os meus verdadeiros amigos. Quando você some, quem é que vai te procurar? Foram poucos que vieram no meu caso, tenho que dizer. Também é bom para perceber de quem você realmente gosta, de quem você realmente sente falta. 
Posso dizer que muitas coisas aconteceram nesses dois meses não só longe da internet, mas como longe das pessoas. Eu não fiz muita questão de manter as aparências, eu precisava de férias de tudo e todos. Posso dizer que eu adorei um tapa na cara que o destino deu e eu estava devendo. 
Acho que o resultado foi que eu me desviciei um pouco da internet e deixei de lado a vida completamente sedentária. Estou pensando em fazer até uma luta na academia. Agora todos os preparativos aqui em casa são para a chegada da Valentina e é bom saber que tenho tempo livre para ajudar a organizar a chegada da minha afilhada. 
Então, se você acha que sua vida está passando por você sem que você aproveite nada, como eu estava me sentindo, é bom sair um pouco das coisas que está acostumada. Se você, assim como eu, passa boa parte do dia na internet, desligue o modem e vá viver offline. No final, depois que o desespero inicial acaba, vale a pena. 

Agora é tentar colocar o blog no lugar e não abandoná-lo.