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Seria mais legal se fosse apocalipse zumbi.

terça-feira, dezembro 11, 2012
E se o mundo já acabou e esqueceram de nos avisar? 

Enquanto algumas pessoas fazem piada sobre o fim do mundo, outras acreditam realmente que tudo irá acabar dia 21 de dezembro. Confesso que nunca vi o filme 2012, só alguns trailers, e será mesmo que o mundo vai acabar daquela maneira? Tudo sendo destruído, como se estivessem jogando o mundo fora. Tá podre demais, vamos recriar do zero! Pensando assim... Estão certos! Não dá pra salvar nada disso aqui. 

Andei pensando o que seria, para mim, o fim do mundo. Eu tive meu próprio fim do mundo aos doze anos, quando meu pai faleceu. Fui reconstruindo-me aos poucos e tudo veio ao fim novamente quando fiz dezesseis e perdi meu padrinho. Então esse ano novamente, quando foi a vez do meu avô me deixar. O fim do mundo é quando uma senhora é atropelada e o motorista foge. Também é quando aqueles corruptos descarados não são presos (nem condenados, nem levam advertência, nem ligam para os pais deles e pedem para assinar o caderno). O fim do mundo é o machismo que anda matando tantas pessoas por aí. O mundo acabou no 11 de setembro e acabou novamente em cada atentado pelo mundo. A pacificação das favelas também matou, então também acabou com o mundo. O jovem que desrespeita seus pais é o fim do mundo. Crianças morrendo de fome é o fim do mundo. O fim do mundo foi quando você passou um dia inteiro sem sorrir. O mundo acabou quando paramos de perceber as coisas erradas ao nosso redor. Fechamos nossos olhos. Abrimos de vez em quando, apontamos o dedo para alguém que matou uma criança e achamos que estamos fazendo a nossa parte. Não, não estamos. O mundo acaba todos os dias para milhares de pessoas, inclusive para nós. Não bata no peito para dizer "eu sobrevivi ao fim do mundo". Na verdade, você só aprendeu a viver em um eterno apocalipse.

O fim do mundo é todos os dias. 

Goku seja louvado

segunda-feira, dezembro 10, 2012
Minha opinião sobre o comentário da jornalista Raquel Sheherazade (se você não viu o vídeo, clique aqui e veja)

O primeiro ponto que quero ressaltar é, para mim, o mais importante. Eu aprendi, desde cedo, que o jornalismo é imparcial. Respeito a opinião da jornalista, embora discorde completamente e irei falar sobre isso. Respeito o direito dela de falar o que pensa. Sou do pensamento de que você é livre, mas tem que sempre lembrar que vive em sociedade. Algumas coisas são para certas ocasiões e algumas ocasiões pedem que você se limite ao necessário. Um jornal é um dos lugares que deve-se ter limites. A notícia em questão era que o "deus seja louvado" não será retirado, por enquanto, das notas de real. Somente isso importava, não era necessário a declaração um tanto quanto exaltada de uma opinião naquele momento. 

Ouvi comentários como "liberdade de expressão serve para isso, você só está reclamando por que quer que seja retirada a frase. Você tem que aprender a perder". Em momento nenhum, em nenhum lugar que comentei sobre esse assunto, eu falei que desrespeitava ou achava que a jornalista não tinha que ter opinião. A questão que levantei é que existem outros lugares para se expressar livremente, lugares que não servem para divulgar fatos. Então vamos, finalmente, a minha opinião sobre a retirada ou não retirada da frase.

Se o ateísmo quer um estado laico, engana-se quem pensa que isto só favoreceria os próprios ateus. Um estado laico, sem influência de qualquer igreja ou religião, traria um pouco mais de liberdade. Não é isso que tanto queremos? Liberdade? O problema não é pequenina frase em uma fonte minúscula que, no fundo, ninguém para pra ler. Eu não estou nem aí para a frase, mas me preocupa o que ela representa. Não um Deus, mas o por que dela estar ali. Por que não "Ogum seja louvado"? Por que não "Iemanjá seja louvada"? Por que colocar ali algo que não representa todas as visões religiosas, mas somente uma parte delas? Não vejo nenhum órgão público com um Buda em destaque. Entretanto, vejo a cruz. São detalhes que me fazem questionar por que a fé do outro é maior que a minha. Ou até mesmo, por que uma fé é maior do que a ausência de fé? O cristianismo já pregou muitas coisas boas, mas também já fez e pregou muitas coisas ruins. Olhar para somente um lado é não ser imparcial e não ser imparcial é comprometer todo um "estado laico". Aspas por que não sei se seríamos capazes de sermos um estado laico enquanto as pessoas continuarem a colocar a religião acima da razão. Toda religião que conheço prega o respeito. Nada melhor do que respeitar as diferenças e parar de tentar impor um estado religioso em pequenas frases no nosso dinheiro pro almoço.

Não me literalizem!

domingo, dezembro 09, 2012
Que "o pequeno príncipe" me perdoe, mas eu não quero ser eternamente responsável por aquilo que cativo. O que cativo não é problema meu. Não cabe a mim ficar gastando meus neurônios, minha paciência e meu tempo para me preocupar com o que interpretam de mim. Posso dizer uma frase e alguém entender exatamente o oposto do que eu quis dizer. Que culpa tenho? Responsabilizo-me pelo o que digo, não pelo o que interpretam. Não somos um povo literal, afinal. Gostamos da subjetividade das coisas, de ficar procurando duplo sentido, desejando aquilo que não entendemos de cara. Queremos sempre algo além do superficial. A superfície nos enjoa. Ninguém quer ficar com alguém que seja sempre aquela matemática básica. Hey, garçom, dá uma boa dose de física quântica pra esse cara que só sabe as quatro operações básicas! Até nossa futilidade carece de duplo sentido. Você gosta de banana? Hmmmm safadinho! Aquela conversa marota no bar é cheia dos sentidos, das vontades, das intenções. É, como dizem? Plantar verde para colher maduro. Quantas vezes já brincamos querendo falar a verdade, mas com medo da reações preferimos fingir que era somente brincadeira. É brincadeira, tá? Vai que levam a sério o que eu estou falando... Ai não, vão me literalizar. Isso existe? Literalizar... Não sei se existe, provavelmente não, mas está aí uma coisa que, mesmo não existindo, me pôs medo. Se alguém resolver, mesmo que somente por um dia, me literalizar eu estarei ferrada. Gosto da subjetividade, gosto de falar com duplo sentido, gosto daquela maldade malandra de falar uma coisa e querer dizer outra. Então, por favor, não venham me falar que sou responsável pela interpretação alheia. Eu me responsabilizo por aquilo que me encanta, entretanto. Isso sim é parte de mim, o que faz meus olhos brilharem, o que arrepia minha espinha. Isso é parte de mim, então eu tomo total responsabilidade. Seria capaz de me agarrar às palavras ditas e redizê-las só para que elas se tornassem tão minhas quanto de quem as disse em primeiro plano. Só não há lógica, para mim, me responsabilizar por quem acha que eu sou fã de bananas ou tão pouco por quem acha que sou uma maníaca sexual que adora um pênis. E foi só uma frase... Imagina uma vida?! Que loucura, me responsabilizarem por que encanto alguém. A loucura está na outra pessoa, não em mim. Eu quero a liberdade de ser e ser só pra mim. Eu quero a felicidade de fazer o que me faz bem, de esquecer que vou ser julgada, deixar-me perder pelos meus pensamentos mais abstratos. Se alguém olhar para mim e se encantar, se quiser, pode vir me dar as mãos, eu gosto de contato, mas minhas costas não vão carregar o peso de não permitir que aquela pessoa se decepcione. Por que eu amo as diferenças, mas tenho lá meus tabus. Eu acordo dando bom dia pro sol, mas tem dia que só quero é ficar sozinha. E cá entre nós, se ficarmos nos preocupando em sermos responsáveis pelos outros deixaremos de ser o que somos por essência. E aí? Tudo aquilo que se cativou se esvai pelos dedos como areia da praia.