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Não me literalizem!

domingo, dezembro 09, 2012
Que "o pequeno príncipe" me perdoe, mas eu não quero ser eternamente responsável por aquilo que cativo. O que cativo não é problema meu. Não cabe a mim ficar gastando meus neurônios, minha paciência e meu tempo para me preocupar com o que interpretam de mim. Posso dizer uma frase e alguém entender exatamente o oposto do que eu quis dizer. Que culpa tenho? Responsabilizo-me pelo o que digo, não pelo o que interpretam. Não somos um povo literal, afinal. Gostamos da subjetividade das coisas, de ficar procurando duplo sentido, desejando aquilo que não entendemos de cara. Queremos sempre algo além do superficial. A superfície nos enjoa. Ninguém quer ficar com alguém que seja sempre aquela matemática básica. Hey, garçom, dá uma boa dose de física quântica pra esse cara que só sabe as quatro operações básicas! Até nossa futilidade carece de duplo sentido. Você gosta de banana? Hmmmm safadinho! Aquela conversa marota no bar é cheia dos sentidos, das vontades, das intenções. É, como dizem? Plantar verde para colher maduro. Quantas vezes já brincamos querendo falar a verdade, mas com medo da reações preferimos fingir que era somente brincadeira. É brincadeira, tá? Vai que levam a sério o que eu estou falando... Ai não, vão me literalizar. Isso existe? Literalizar... Não sei se existe, provavelmente não, mas está aí uma coisa que, mesmo não existindo, me pôs medo. Se alguém resolver, mesmo que somente por um dia, me literalizar eu estarei ferrada. Gosto da subjetividade, gosto de falar com duplo sentido, gosto daquela maldade malandra de falar uma coisa e querer dizer outra. Então, por favor, não venham me falar que sou responsável pela interpretação alheia. Eu me responsabilizo por aquilo que me encanta, entretanto. Isso sim é parte de mim, o que faz meus olhos brilharem, o que arrepia minha espinha. Isso é parte de mim, então eu tomo total responsabilidade. Seria capaz de me agarrar às palavras ditas e redizê-las só para que elas se tornassem tão minhas quanto de quem as disse em primeiro plano. Só não há lógica, para mim, me responsabilizar por quem acha que eu sou fã de bananas ou tão pouco por quem acha que sou uma maníaca sexual que adora um pênis. E foi só uma frase... Imagina uma vida?! Que loucura, me responsabilizarem por que encanto alguém. A loucura está na outra pessoa, não em mim. Eu quero a liberdade de ser e ser só pra mim. Eu quero a felicidade de fazer o que me faz bem, de esquecer que vou ser julgada, deixar-me perder pelos meus pensamentos mais abstratos. Se alguém olhar para mim e se encantar, se quiser, pode vir me dar as mãos, eu gosto de contato, mas minhas costas não vão carregar o peso de não permitir que aquela pessoa se decepcione. Por que eu amo as diferenças, mas tenho lá meus tabus. Eu acordo dando bom dia pro sol, mas tem dia que só quero é ficar sozinha. E cá entre nós, se ficarmos nos preocupando em sermos responsáveis pelos outros deixaremos de ser o que somos por essência. E aí? Tudo aquilo que se cativou se esvai pelos dedos como areia da praia.

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