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Oi nostalgia, eu não irei implorar distância de você.

quinta-feira, novembro 15, 2012
Retirei a nostalgia da gaveta. Estou morrendo de medo de ela dominar o meu ser, mas sinto que é preciso. Deixei-a trancafiada na velha gaveta dos meus sentimentos esquecidos, torcendo para que ela me abandonasse. Foi em vão. Lá está ela, tão vívida e atual como no dia em que a trancafiei. É uma velha companheira que tentei abandonar em algumas viagens e em alguns romances. Preferi, desta vez, não esperar que ela tivesse forças para se soltar sozinha. Se ela quer tanto a sua dose de exibicionismo, eu não irei impedir. Então, que o circo seja armado que a trapezista está chegando! Oi nostalgia, eu não irei implorar distância de você. Não hoje. Eu quero transcrevê-la, eu anseio em entendê-la. Será que é mesmo tão complicado quanto dizem? Você é naturalmente torturante, porém é livre de culpa. A nostalgia é a prova de que estamos incompletos. Até quando eu serei incompleta, Nosta? Resolvi que não a tratarei mais como uma inimiga. Não mais! Eu te quero perto de mim, guiando-me até eu deixar de ser somente parte de um ser absorto em memória dos sorrisos que, hoje, dão lugar ao vazio. Nem as lágrimas andam querendo frequentar-me. Que valor terá a vida para mim, quando não se há nada para valorizar? Eu deveria ter guardado o amor ao invés da nostalgia. Deveria tê-lo guardado por trás de um vidro com aqueles dizeres de "quebre em caso de emergência". Acho que este é um verdadeiro caso de emergência. Antes eu era ingênua ao ponto de pensar que somente a felicidade me era favorável. Que tola fui! Uma vida sem lágrimas é tão despresível quanto uma vida sem sorrisos. Comecei com medo de ser dominada pela nostalgia, sem saber que ela já estava tatuada em minha alma. O passado nos deixa as memórias de que dores passarão e cartas longas de amor voltarão a serem escritas. Só que o fato atual é inédito. Não amo e não odeio. Não vivo, nem morro. Se isto é a tal da "sobrevivência", ela não é tão agradável quanto na teoria. Nunca pensei que fosse, um dia, me agradar com a nostalgia. Ela é a única prova de que existem tempos melhores.

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