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Beber cerveja com o amor, quebrar a cama com a paixão.

domingo, abril 15, 2012
Quando amei pela primeira vez, aquele amor bobo que surpreende a gente de todas as maneiras, eu me enchi de promessas. Eu prometi, quase como uma oração, quase como um juramento, que eu não me apaixonaria por pessoas diferentes de mim. Não que eu quisesse alguém que fosse minha versão masculina, mas eu sempre tive o pé no chão para saber que extremos opostos nunca se encontram. E é isso que eu quero: Alguém que se encontre comigo. Eu prometi que nunca iria me apaixonar por alguém que tentasse me podar, me calar, me diminuir. Nunca iria gostar de alguém que me impedisse de usar salto alto só por que já sou extremamente alta, ou de alguém que odiasse minhas tatuagens e vivesse perguntando se o meu objetivo era me transformar em algum tipo de gibi. Apaixonar-me por alguém que contém qualquer tipo de preconceito? Fora de cogitação. Odeio e sempre odiei pessoas que olham com aquele olhar de desgosto, de nojo, de reprovação para os negros, homossexuais ou flamenguistae olha que sou vascaína. Eu queria alguém que compartilhasse do mesmo amor por animais, abraços apertados, manhãs e noites frias, pés descalços, coleções. E no dia que me apaixonei pela primeira vez — por aquele babaca que não merecia nem a minha atenção, quanto mais o meu primeiro amor — eu jurei que nunca iria me apaixonar perdidamente. Eu ia sempre me apaixonar achadamente. Eu saberia por quem estaria me apaixonando. Fazer o quê? Sou uma pessoa extremamente racional até nos dias mais estupidamente emocionais. Eu jurei manter distância de pessoas mesquinhas, extremamente materialistas, preconceituosas, estagnadas. O problema foi que eu demorei muitos anos e muitas promessas não cumpridas para perceber que a paixão, assim como o amor, não marca hora pra chegar. Não te liga com antecedência para você varrer a casa e preparar uns biscoitinhos. Nem ao menos te dá tempo de pentear o cabelo e escovar os dentes. O amor chega tão lentamente que quando você percebe ele está está instalado no sofá da sala, com o controle em uma mão e a cerveja na outra. A paixão não, ela não é delicada, ela é avassaladora. Ela quebra a porta da frente, grita que chegou e vai logo te jogando na cama, quebrando os móveis e o seu coração junto. Quando você vai perceber já não é a única moradora do seu apartamento tão pequeno e arrumadinho. Esses novos inquilinos nem se darão ao trabalho de dividir as despesas. Eles entram em nossas vidas e avisam que não tem pressa pra ir embora e, talvez, fiquem para sempre. De nada adianta trocar de endereço, telefone e cabelo. Uma vez dentro de casa, dentro do coração também estarão. E não há como tirar a força, só com o tempo, se assim permitirem. No fim, não há muito o que fazer. Acabamos nos apaixonando aquela imagem que sempre prometemos nem chegar perto. O amor é a maior das ironias que conheço. 

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