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Eu te amo, meu.

segunda-feira, abril 16, 2012
Eu estava mergulhada em sonhos calmos e cinzentos. Embora estivesse dormindo, podia ouvir no fundo dos sonhos a água batendo na janela. Era para ser uma daquelas noites que todos adoram dormir: sonhos neutros, chuva, frio gostoso. Só que você invadiu meus sonhos novamente, com aquele sorriso que eu conheço tão bem, colorindo tudo o que eu só queria que continuasse parecendo com fumaça. Deveria haver uma lei sobre isso, algo mais ou menos assim: "Uma vez que alguém resolveu ir embora de sua vida, fica terminantemente proibida a volta da mesma em forma de sonhos e/ou pensamentos." O mundo seria tão mais fácil de se levar se eu não tivesse que me aturar nos dias em que sonho com você. Desde que você se foi eu tenho criado maneiras de não imaginar como seria a nossa vida perfeita, como seria nosso casamento, nossa casa, nossos filhos. Quer saber? Não é fácil, mas eu tenho conseguido passar os dias sem pensar em você a cada segundo. Só que então, em uma noite calma e perfeita, você resolve que eu já estou há muito tempo sem pensar e chorar por você... Está na hora de invadir-me os sonhos novamente. Pronto! Sonhar com você é o mesmo que passar o resto do dia, se não da semana, como um poço de nostalgia. Não consigo nem ir no armazém do seu José, por que se eu ver um tomate na minha frente, começo a chorar. Lembro da sua mania estranha de comer tomate como se fosse fruta, embora o mundo saiba que tomate só é fruta nos livros escolares. Não conheço mais ninguém que sente no sofá para assistir televisão com um tomate inteiro nas mãos e ainda dizer que aquilo é uma delícia. Eis outro pensamento: Eu amava até as coisas mais estranhas em você. Amava como eu era parte dessa estranheza, como não combinávamos um com o outro e, ao mesmo tempo, éramos perfeitos juntos. Todos diziam. Bem, na verdade eles ainda dizem para mim até hoje: "Nossa, por que vocês não estão mais juntos? Se vocês não ficaram juntos para sempre, eu estou oficialmente desacreditando no amor." Pra você é fácil ficar longe de mim, São Paulo é uma cidade fria. Tenta vir sofrer de amores no Rio de Janeiro, meu querido, você morre de depressão na primeira semana. Esse é o mal das cidades que são quentes até nos dias mais frios. Os casais não precisam ficar em casa se esquentando, eles podem passear de mãos dadas na rua, alegremente, e esfregar na sua cara todos os dias que o mundo inteiro pode ser feliz, menos você. Queria eu poder ir sofrer em São Paulo e te despejar aqui na Cidade Maravilhosa. Você foi e não me deixou nem ao menos um número de telefone para eu ligar uma vez ao ano para saber se você ainda está vivo, nem quis levar o meu telefone para alguém me ligar me chamando para o seu enterro. Escolheu sair da minha vida apagando todas as memórias físicas, que eram bem poucas, e deixando a impressão de que todo esse amor é uma pura ilusão minha, que eu sou uma louca por acreditar que alguém tão perfeito para mim como você estaria realmente comigo e não com uma dessas Barbies que caminham pelos palcos. Já faz mais de um ano que você se foi e ocasionalmente eu tenho sonhos com você. Por favor, pare! Pare de se infiltrar na minha cabeça, de me proporcionar sonhos lindos, de me trazer a tona memórias que eu tento a todo custo esquecer. Eu sei que sempre fui forte, mas você é o meu ponto fraco. Você é a minha kriptonita. Pare de assombrar os meus sonhos com o seu sorriso, o seu abraço, o seu beijo. Não me torture mais. O amor que tivemos era grande demais e você foi pequeno para carregá-lo. O fardo quem carrega sou eu, por ter tanto amor em meu peito e ninguém para recebe-lo. Logo eu, que pedi tantas vezes para você voltar, estou implorando para você parar de aparecer justamente nas horas onde o resto do mundo parece fazer sentido e percebo que talvez, só talvez, eu não estava viva só para te amar. Deixe o mundo gritar um pouco e cala o teu sussurro manso. Pois sabes que entre o grito alheio e o teu silêncio, escolheria mil vezes o seu silêncio. Só que eu peço silêncio e recebo ausência e, com isso, eu não estou sabendo lidar. 

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